O que significa a expressão: dar os três terços? Mais do que ser uma das práticas específicas, o que importa é o “porquê” e o “como” são vividas.
por Anouk Grevin
da "Economia de Comunhão - uma cultura nova" n.43
Na Ásia, onde poucas foram as ocasiões onde se ouviu falar da Economia de Comunhão depois de 1991, existiam muitas questões em aberto. De fato, a EdC requer partilha dos três terços? Foi importantíssimo o momento no qual pudemos dialogar. Chiara Lubich em 1991 deu-nos uma meta, mas sem dizer, porém, como atingi-la. Partindo dos três objetivos indicados por ela – ajudar os irmãos que necessitam, difundir a cultura da comunhão e investir na empresa para poder oferecer mais postos de trabalho – cada um deve encontrar em seguida, o próprio modo para concretizá-los.
Alguns o fazem compartilhando os lucros, outros colocam-se diretamente a serviço dos mais necessitados, outros ainda, contratam pessoas em dificuldade ou aplicam um novo estilo de administração mais consoante com a EdC procurando compartilhar os lucros gerados. Compreendeu-se que existe espaço dentro da EdC para as mais variadas situações, inclusive para as organizações sem fins lucrativos e as cooperativas, que por estatuto não podem distribuir lucros mas podem viver a EdC por outros meios; ou para os empreendedores que ainda não tem lucros ou para aqueles que não podem decidir sozinhos sobre a distribuição dos mesmos. Há espaço para todos, desde que se viva a fraternidade. No fundo, a expressão dos três terços pode também ser entendida como um convite a dar tudo. Dar um pouco dos lucros será sempre muito pouco, diante do chamado a gerar uma economia de comunhão: é preciso dar tudo, ser um dom.
Também em relação às práticas empresariais fica o convite para que cada um siga seu próprio caminho. Muitas práticas estão descritas nos “guias para as empresas de EdC” que se encontram disponíveis no website; mas mais do que as práticas específicas, o importante é o “porquê” e o “como” são vividas.
A primeira é aquela da confiança, de uma visão otimista do homem, de ter recebido olhos novos, capazes de acreditar no outro, de ver a sua riqueza, mesmo aquelas ainda não expressas. Um olhar que faz emergir o melhor de cada um. A dinâmica da comunhão, em seguida, leva a reconhecer o outro como uma pessoa capaz e desejosa também ela em compartilhar. E portanto desenvolve-se um estilo de gerenciamento mais subsidiário, que oferece a cada um a possibilidade de doar sua contribuição. Por isso observa-se na EdC experiências de gerenciamento compartilhado. A cultura da comunhão não é apenas viver o dom na empresa e levá-lo onde não existe ainda, mas é também o fato de reconhecê-lo em qualquer lugar, inclusive na contribuição dos colaboradores e dos sócios, a fim de acolhê-lo e fazê-lo florescer. É um tornar-se “produtores de comunhão” e a comunhão é aquilo que o mundo mais precisa, a mais profunda resposta às desigualdades.