Grupo de mães empreendedoras da edc incentiva empreendedorismo em comunidade ribeirinha do baixo Rio Negro.
Não à toa a cultura da Economia de Comunhão é uma cultura de encontro.
No último dia 30 de junho, dez mulheres do grupo Mães Empreendedoras, do bairro Ouro Verde, território periférico de Manaus, se dirigiram à Comunidade Ribeirinha do Araras, no baixo Rio Negro. Deixaram suas casas com o propósito de compartilhar seus talentos, recursos e a própria existência com os ribeirinhos e ribeirinhas que pediam auxílio para começar a empreender e dar mais visibilidade à sua comunidade, há tanto tempo esquecida pelos agentes públicos.
As Mães Empreendedoras são acompanhadas pela edc no contexto das iniciativas Oficinas de Fomento ao Empreendedorismo e Projeto Amazônia Viva, com ações que incentivam o empreendedorismo e favorecem o florescimento humano.
“Mas nada poderia ser mais satisfatório do que constatar que essas mulheres acolheram um elemento da equação que, normalmente, não se revela tão explicitamente: a reciprocidade que emerge da comunhão. Movidas por essa reciprocidade, as Mães Empreendedoras viajaram até Arara para se colocar a serviço dessa comunidade plena de desafios, mas que almeja empreender”, conta Maria Clézia Pinto, gestora do projeto Amazônia Viva.”
Potencial ao empreendedorismo Acompanhadas por dois multiplicadores locais da edc, Rogério Cunha e Rita Avelino, as mulheres puderam compreender melhor as demandas e os sonhos dos ribeirinhos e ribeirinhas. Dentre esses, a necessidade de trazer mais visibilidade para a comunidade por meio do turismo de base comunitária, a realização de uma feira para expor e vender seus artesanatos e ainda o fortalecimento da identidade da comunidade, como a realização de algum festejo cultural ou religioso.
“Os comunitários da Costa do Arara manifestaram seus talentos (que não são poucos) e suas dores, sendo a maior delas a falta de visibilidade, pois se sentem esquecidos. Contudo, eles se sentem capazes e dispostos a se especializarem, e consequentemente melhorarem suas condições de vida”, explicou Andressa Dara, das Mães Empreendedoras.
Do encontro, emergiram muitas oportunidades para a comunidade ribeirinha: cozinha tradicional nativa, arte com canetas estilizadas, costura, artesanato, doces, cultivo de plantas, rituais de dança, pintura corporal, comunicação audiovisual, e mais. De fato, a comunidade tem um enorme potencial para geração de renda alternativa por meio do estilo de vida tradicional e por sua forte vocação turística com trilhas, tirolesa e a famosa Cachoeira do Arara – ponto de referência e destino do turismo náutico.
“Fiquei muito feliz. O que vi foram pessoas acolhedoras e alegres com muitos talentos escondidos no meio de uma comunidade esquecida, como disse dona Rosa. O que eu percebi foi o interesse e a força de vontade das pessoas em aprender coisas novas. Uma experiência como nunca tinha vivido antes e a vontade de poder ensinar um pouco do que eu sei na arte do artesanato”, disse Nira Duarte, do grupo Mães Empreendedoras.
PRÓXIMOS PASSOS
Após esse dia de encontro e escuta, ficou agendada uma nova ida do grupo à Arara no dia 1º de setembro. Até lá, os próximos passos serão o desenvolvimento de um Plano de Ação com iniciativas que deem suporte e visibilidade para a comunidade, a participação de alguns artesãos e artesãs da comunidade em uma feira em conjunto com as Mães Empreendedoras no dia 10 de agosto e ainda uma possível aproximação de uma das lideranças comunitárias de Acajatuba, com mais experiência em turismo de base comunitária. E, não menos importante, uma mobilização para adquirir uma cadeira de rodas para uma das artesãs acometida por poliomielite e que se encontra com uma cadeira enferrujada, sem freios e que não lhe permite maior autonomia.
“Vivi um momento recheado de gratidão e muita emoção, pois o ‘Projeto Mães Empreendedoras’ fortalece e multiplica, com magnitude, a Economia de Comunhão”, disse Laura Beleza, uma das mães empreendedoras. E Rogério Cunha, completou: Arara é uma comunidade muito simpática e sedenta de apoio e as ‘Mães Empreendedoras’ já estão exportando conhecimento e experiência de como trilhar um caminho e desenvolver empreendedores”.
SOBRE O PROJETO AMAZÔNIA VIVA
O projeto Amazônia Viva foi criado em 2022, direcionado às lideranças espirituais, comunitárias e empresariais para estimular reflexões e um novo agir em prol da comunidade local e de uma economia regenerativa.
O projeto almeja unir potencialidades, conhecimentos, experiências, cultura, e desenvolver um modelo capaz de restaurar a relação do ser humano com a natureza, fundamentada sobre a ética do cuidado, da cooperação e reciprocidade e mudar a cena do social, da economia e da atuação das comunidades de fé.