Economia de Comunhão se une à juventude no Genfest 2024 para inspirar ideias e iniciativas por uma nova economia
fonte: edc Brasil
A Economia de Comunhão Brasil marcou presença nas três fases do evento internacional da juventude do Movimento dos Focolares, o Genfest 2024, realizado pela primeira vez no Brasil e que teve como tema Juntos para Cuidar.
“Como um movimento global, acreditamos que a nossa presença em um evento internacional da juventude é estratégica para inspirar ideias e iniciativas por uma nova economia”, ressaltou Jomery Nery, presidente da Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom).
Na primeira fase, realizada de 12 a 18 de julho, jovens dos cinco continentes se dividiram em experiências de voluntariado em diferentes organizações sociais da América Latina e Caribe. No Brasil, três dessas organizações são apoiadas pelo Programa de Superação da Vulnerabilidade Econômica (Supera), da Economia de Comunhão, em Pernambuco, São Paulo e no DF.
“Vimos o quanto nossas organizações parceiras ganharam novas energias com a presença da juventude e o quanto foi importante para os/as jovens experimentarem essa cultura do encontro entre oportunidades e vulnerabilidades que é tão característica da edc e que é catalisadora de transformação social”, destacou Célia Carneiro, coordenadora do Supera.
Na segunda fase, o Genfest reuniu os cerca de 4 mil jovens em um centro de eventos em Aparecida com o propósito de celebrar, por meio de apresentações artísticas e relatos, a fraternidade universal. Nesta fase, a edc Brasil esteve presente em arenas de diálogo sobre vocação ao trabalho e empresas da Economia da Economia de Comunhão, no palco com relatos de vida embasados na cultura da edc, e ainda, institucionalmente, como patrocinador master do evento.
“Patrocinamos o Genfest 2024 pela sinergia que temos. Compartilhamos o mesmo princípio da unidade e o mesmo propósito de viver por um mundo mais justo, regenerativo e fraterno. Em nosso estande, recebemos pessoas de diversos países do mundo e pudemos apresentar a edc e o trabalho que realizamos no Brasil”, reforçou Nery.
Na terceira fase, realizada entre os dias 22 e 24 de julho, a edc esteve à frente da comunidade Economia e Trabalho. Por meio de conteúdos, metodologias e práticas, buscou-se ativar e reforçar o protagonismo da juventude, conectando, promovendo e celebrando ações que ousassem cuidar do meio ambiente, das pessoas e dos povos, especialmente os mais vulneráveis.
“Trabalhamos durante um ano na preparação da programação da Comunidade Economia e Trabalho, juntamente com Gregório Pellegrino (EdC - Economia de Comunhão Global), Andrei Tomaz (Economia de Francisco), Lia Guillem (AMU – Azione per un Mondo Unito), Marivi Garcia (Umanità Nuova), Marcos Vicente e Mariane Berti (Giovanni per un Mondo Unito), além de outros membros da equipe Anpecom. Não obstante os desafios da língua, culturas e percepções diversas, cada um e uma colaborou com todo o seu potencial, profissionalismo e aprendizado adquiridos ao longo de suas respectivas jornadas, o que nos ajudou a oferecer aos jovens uma programação com práticas e conteúdos que puderam fortalecer e embasar os esforços individuais ou coletivos de iniciativas socioeconômicos ambientais já protagonizadas pelos jovens, e ainda oferecer neste espaço, a possibilidade de redescobrir o trabalho como vocação a qual o mundo nos chama, e entender como a economia faz parte do nosso dia a dia e é uma potente ferramenta de construção, transformação e impacto positivo na sociedade”, ressaltou. Verônica Farias, gerente geral da Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom)
No primeiro dia da nossa “Community” Economia e Trabalho, foi proposta à juventude de economistas, administradores, pesquisadores e interessados em uma nova economia a repensarem sua relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo, exercitando ferramentas de autoconhecimento, de diálogo, de escuta, e outras formas de ver o mundo.
“Cada vez mais, compreendemos que uma cultura econômica que coloque a pessoa no centro, que seja capaz de compartilhar recursos e buscar mais equidade social precisa de florescimento humano e isso significa despertar pessoas e lideranças para as habilidades interpessoais, para os valores humanos, para a importância de dialogar, mas inclusive de saber escutar”, destacou Clézia Pinto, uma das facilitadoras da programação da comunidade.
E a jovem Grasielly Carvalho, do Brasil, completou:
“Foi uma experiência enriquecedora, de grande autoconhecimento, de alargar o coração para o outro e para si mesmo também”.
No segundo dia, a programação contou com momentos de diálogo com o economista Luigino Bruni, um dos acadêmicos de maior referência da Economia de Comunhão no mundo, e com diálogos sobre novos modelos para se pensar a economia, sobre Negócios de Impacto, multidimensionalidades da pobreza e relatos de transformação social.
Bruni, em uma roda de conversa com os jovens, enfatizou que não deveriam existir empresas com ou sem fins lucrativos. Mas empresas que vivem por projetos. “Para o especulador, não interessa o projeto, interessa o dinheiro. O escopo não deve ser o lucro, e sim o projeto. E a edc é um exemplo de empreendedorismo por projeto”.
Em outro momento, a professora de economia da Universidade Federal de Pernambuco, Andreza Lucas, apresentou aos jovens o modelo de Economia Donut, proposto pela economista britânica Kate Raworth, e instigou os presentes a pensar em regeneração e não apenas em sustentabilidade como caminho para o desenvolvimento sustentável.
Vale ainda destacar a mesa redonda sobre Negócios de Impacto que reuniu Marina Gattás, da Outra Economia, Jomery Nery, da edc, e André Assis, Gerente de Desenvolvimento de Cooperativismo, do Sicredi, em um diálogo aberto sobre novas formas de pensar e de fazer negócios.
Assis apresentou aos jovens a experiência secular do cooperativismo e sua contraposição aos grandes bancos, mantendo o interesse em atuar com capilaridade e atender pequenos municípios do Brasil, por exemplo, levando desenvolvimento e possibilidade de crédito acessível. Já Gattás, falou aos jovens sobre a ENIMPACTO, a Estratégia Nacional de Economia de Impacto, uma articulação conjunta que visa o desenvolvimento de investimentos e negócios de impacto. A jovem “deseconomista”, como ela mesma se intitula, convidou a juventude a pensar mais do que em impacto positivo. “Os movimentos que pensam alternativas ainda estão muito às margens. Podemos fazer muito mais. Podemos pensar em transformações sistêmicas, estruturais e não paralelas”.
O tema da Pobreza também ocupou um diálogo central na comunidade Economia e Trabalho. Isso porque o propósito de existir da Economia de Comunhão está baseado na erradicação da pobreza, em todas as suas formas. O tema foi conduzido por Sarah Gomes, assessora da rede de pesquisa e iniciativas da edc e mestranda pela Universidade de Sophia, na Itália, além de Rodrigo Apolinário e Mariane Berti. Gomes apresentou os tipos de pobreza e explicou que, de fato, a pobreza é uma carência de capitais e não de recursos materiais.
Joaquim, um jovem do México, comentou: “Para mim, na Economia de Comunhão, nós jovens temos um papel muito importante ao desenvolver novas formas de pensar e também de abordar temas específicos como a pobreza e o desenvolvimento econômico”.
Luigino Bruni concluiu esse momento com uma fala importante e bastante didática. O economista e intelectual pontuou que existe um princípio de nome difícil, mas interessante, quando falamos de pobreza que é o princípio de subsidiariedade.
“É um princípio antropológico que diz que quem ajuda alguém em pobreza, em miséria, deve partir da pessoa, daquilo que ela é, da sua competência, dos seus valores, da sua dignidade. Qualquer intervenção externa é danosa. Devo partir do que o outro é. Ninguém é tão pobre que não sabe fazer nada. Partam de cinco pães e dois peixes e façam o milagre. Muitas vezes não ajudamos uma comunidade porque não partimos dos seus cinco pães e dos seus peixes”, concluiu.
A comunidade Economia e Trabalho também abriu espaço para relatos de transformação social. Um momento marcante para os jovens foi quando puderam escutar Jean Santos, liderança da comunidade de Beiru/Tancredo Neves, Natan Jesus da Silva, arte-educador da comunidade de São Tomé de Paripe e novamente Marina Gattas, com um relato sobre sua origem e transformação por meio da educação.
“A Economia de Comunhão me viu com dignidade, como homem. Hoje sou agente de transformação. Por isso que na nossa economia, o que vem primeiro é a pessoa. Aqui, minhas vulnerabilidades históricas nunca foram empecilhos”, contou Jean Santos aos jovens.
Após a participação nos três dias da comunidade, o jovem Paulo Henrique, de Recife, concluiu:
“Assim como o jovem possui um papel muito importante como um sinal de esperança, a Economia de Comunhão vem nessa mesma ótica. Juntando a edc e o jovem, teremos então um impacto cada vez maior na construção de um mundo unido”.
Créditos das imagens: Comunicação Genfest 2024.
Sobre o Genfest 2024
O Genfest 2024, evento-experiência mundial promovido pelos jovens do Movimento dos Focolares, aconteceu no Brasil de 12 a 24 de julho. Outros 44 eventos locais aconteceram em 32 países. O Genfest 2024 se articulou em três fases: voluntariado, evento central e criação de comunidades divididas por áreas de interesse, de estudo ou profissionais. O evento foi uma experiência imersiva, na qual os protagonistas e idealizadores são os jovens. O diálogo e a colaboração intergeracionais foram um pilar essencial da mudança que se deseja no mundo e propor também às instituições internacionais. Alguns momentos do evento estão disponíveis no canal YouTube de Genfest 2024.