“Daqui 5 anos me vejo tendo meu negócio firme. E com mais tempo e organização. Quem sabe não farei até formações de como produzir o meu produto para outras pessoas?”
Neto e filho de agricultores, quem encontra o jovem Alexandrino de Freitas, de 26 anos e vê todo esse entusiasmo empreendedor talvez não imagine os desafios cotidianos que enfrenta vivendo em um assentamento rural, em Chorozinho, no interior do Ceará. Durante três meses do ano, toda a população da região, assim como ele, para as suas atividades para se dedicar à extração da castanha de caju.
O jovem foi um dos 10 participantes da Oficina Jovem Empreendedor, realizada pela ANPECOM, entre os dias 18 e 21 de julho, com a participação de 6 facilitadores das áreas de gestão de negócios e desenvolvimento pessoal.
A importância da educação
“Antes eu não tinha uma visão empreendedora. Pensava mais em trabalhar para os outros e não pra mim. Trabalhava com milho, feijão, com culturas de sequeiro”, foi assim que ele contou o início de sua trajetória.
Mas a visão e as perspectivas de “Xandão” como é conhecido pelos amigos, mudaram quando iniciou um curso de técnico em agropecuária na Escola Família Agrícola Dom Fragoso. Nas aulas conheceu uma planta típica da região que produz uma farinha rica em nutrientes. Pesquisou, se interessou e na escola mesmo começou a produzir farinha.
Na escola, ele consegue realizar todo o processo produtivo, desde a extração, passando pela secagem e venda para clientes finais, parceiros e pequenas empresas que compram e revendem o produto.
A importância da formação
O jovem empreendedor social teve, então, a oportunidade de participar desta segunda oficina de empreendedorismo da ANPECOM na região e, a partir dessa formação, compreendeu a importância de estruturar a gestão financeira do negócio. “Gestão financeira não era comigo”, brinca. Com o auxílio das aulas, aprendeu a precificar o produto e controlar os rendimentos.
Mas além do ensinamento prático, Xandão também encontrou sinergia entre o empreendedorismo de impacto social, promovido pela EdC, e os seus valores.
“Pra mim, empreender não é só ter dinheiro e essa capacitações afirmam isso. É saber ver as necessidades das pessoas e acreditar que ainda é possível ter uma sociedade melhor. Dinheiro pra mim é uma ferramenta para trabalhar. Não é o centro da minha vida. Serve para suprir necessidades físicas. Meu tudo é minha saúde, minha coragem e a disponibilidade de ajudar o próximo.”
Próximos passos
Agora, o jovem empreendedor social sonha em ter uma situação de moradia estável e conseguir um capital inicial para investir na empresa.
Hoje, ele produz na escola mesmo, e parte dos rendimentos vai para pagar as despesas de transporte e alimentação que tem na escola. Mas a intenção é ter um local próprio, arejado, com material adequado para produzir a farinha.
Temos certeza que essa história ainda vai longe! Ao menos se depender da determinação de Xandão: “Pretendo expandir com cooperativas a nível internacional. Tenho um produto grandioso e graças a essa oficina, pude entender que tenho uma mina de ouro nas mãos, tanto financeira, quanto social. Posso contribuir com empregos, saúde e alimentação complementar.”
Boa sorte, Alexandrino!