Alberto Ferrucci
Diretor Responsável do Noticiário Economia de Comunhão. Uma Nova cultura.
Podem encontrar aqui alguns dos meus artigos publicados na revista Città Nuova.
Diretor Responsável do Noticiário Economia de Comunhão. Uma Nova cultura.
Podem encontrar aqui alguns dos meus artigos publicados na revista Città Nuova.
fonte: edc Brasil
Após a visita ao Polo Spartaco, polo empresarial da Economia de Comunhão no Brasil, localizado em Cotia (SP), o primeiro dia do Fórum Nacional da Economia de Comunhão (edc) 2023 seguiu com a cerimônia oficial de abertura no auditório do Centro de Eventos Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP). Histórias diversas emocionaram toda a rede e mostraram o impacto da cultura edc em diferentes áreas geográficas e culturais do nosso país.
Imagens da Amazônia emolduraram o cenário para que quatro representantes da região Amazônica subissem ao palco para compartilhar dores e conquistas de suas comunidades, todos eles participantes de iniciativas do projeto Amazônia Viva, que vem sendo realizado pelo segundo ano consecutivo. Viceli Costa, liderança da comunidade ribeirinha de Acajatuba (AM), guardião ambiental e membro da equipe que atuou Projeto ecoou a voz de outras 19 comunidades as quais representava, todas afetadas pela seca histórica na região.
“Estamos sofrendo por causa da ganância humana. Já estamos sem água potável, nossos peixes estão concentrados nos locais que ainda tem água – e eles são poucos para abastecer toda a comunidade -, nossos profissionais de saúde não conseguem chegar”.
Além da seca, a região amazônica enfrenta outras crises, como aquela mencionada pela ativista indígena Myriam Pereira Vasques, do Povo Tikuna, em participação por vídeo: pela falta de perspectivas e vivenciando a pobreza, a juventude das comunidades indígenas e ribeirinhas vivem momentos profundos de depressão. Para ela, que trabalha pelo meio ambiente e pelas mulheres indígenas no município de Benjamin Constant (AM), as oficinas de florescimento humano realizadas pelo projeto Amazônia Viva são fundamentais para recuperar valores sociais que os jovens estão perdendo.
Escuta sincera. “A edc para nós é uma escuta sincera da nossa realidade. É também fazer com que a Amazônia fale por si mesma. Mas não é só agora que isso acontece, já tem uns anos escutando cada um de nós, trabalhando juntos”, ressaltou Sidenir Araújo, estudante de Direito, cidadão ativo e agente de transformação na comunidade Vila de Curupaiti (PA). Ao escutar essas comunidades e agir para que suas vozes sejam ouvidas encorajando-as a promover o encontro entre oportunidades e vulnerabilidades de forma a potencializar o empreendedorismo, a comunhão e a equidade social, a edc vai fincando suas raízes na Amazônia.
São histórias como essas e de Laura Beleza, líder das Mães Empreendedoras de Manaus, projeto da periferia manauara de Ouro Verde, que fazem a edc continuar a pulsar na Amazônia. O grupo de Laura, formado por mães solo, chefes de família, participou de oficinas de florescimento humano e fomento ao empreendedorismo social promovidas pela edc também no Âmbito do Amazônia Viva.
“Hoje o projeto desenvolve o trabalho voltado para as mulheres que não eram enxergadas pela sociedade, aquelas cheias de potência e de talentos, esperando uma oportunidade, mas não era dada. Esse lindo projeto trabalha na fraternidade, não há competição. Ajudamos umas as outras impulsionando e acreditando no talento de cada uma. E a edc está fazendo uma grande diferença não só na vida das mães empreendedoras, mas na vida da comunidade”, destaca.
EDC E SEU LUGAR NAS NOVAS ECONOMIAS
Este ano, o primeiro dia do Fórum edc 2023 também contou com uma apresentação didática e fundamental de Maria Helena Faller sobre de que forma a edc se situa no ecossistema de movimentos por novas/outras economias e qual o seu papel neste contexto. Maria Helena é ex-presidente da Anpecom, doutora em direito socioambiental, advogada e empreendedora social.
Sua apresentação foi construída a partir de um Ensaio Acadêmico disponível AQUI.
Segundo ela, as Novas Economias podem ser compreendidas como um movimento de pessoas e organizações que buscam trazer perspectivas culturais e estratégias múltiplas para se repensar a economia e sua relação com a vida, questionando paradigmas consagrados e postulados, tidos como inegociáveis.
Explicou aos presentes que a edc é uma dessas organizações questionadoras, ao lado de muitas outras, que também teve sua origem em um mesmo contexto macroeconômico do início dos anos 1990. No entanto, lembrou que a desigualdade social do Brasil foi a inspiração para que Chiara Lubich, nossa fundadora, compreendesse o papel da edc: transformar a potência da vida de comunidade, que sabe compartilhar recursos, o tempo e a própria vida, em uma cultura que fosse capaz de viver pela erradicação da pobreza, por uma nova forma de pensar e de fazer negócios, almejando um mundo mais justo, regenerativo e fraterno.
A fala de Maria Helena prosseguiu evidenciando os valores da edc, sua espiritualidade – aquela da unidade, que acolhe e dialoga com todos e todas e não pode ser confundida com religiosidade – e suas ações, diferentes de outros movimentos por novas economias, e ao mesmo tempo complementares.
Depois destes momentos potentes dentro da plenária, os e as participantes do Fórum puderam se dividir em quatro trilhas temáticas para conhecer melhor as iniciativas da edc e dialogar sobre seus principais pilares: transformação social, atuação em rede, cultura empresarial e sustentabilidade.
Na trilha da transformação social, Márcio Lupi, do Instituto Aliança, organização parceira da edc, apresentou a metodologia Design Thinking como uma ferramenta para desenvolver habilidades empreendedoras e formação de lideranças comunitárias junto aos jovens e adolescentes de territórios periféricos. Em seguida, Wellison Freire mostrou como colocou em prática a ferramenta ao facilitar o projeto Lidera, financiado pela edc por meio do Supera, na ONG Afago-SP. Wellison foi aluno da AFAGO e se formou com bolsa de estudos na Fundação Getúlio Vargas, FGV, em administração pública agora conduz uma oficina de Lideranças Comunitárias com a juventude, incentivando-os a conhecer os espaços de cidadania ativa dentro da cidade, de forma a olhar para os desafios da comunidade e pensar em soluções.
Toda pessoa que vive na prática por uma nova forma de pensar e de fazer negócios é um ou uma integrante da rede edc. Esse foi o destaque da trilha apresentada por Iranalha Carvalho, assessora de relacionamentos da Anpecom, que mostrou aos presentes as diferentes atuações em rede da edc: rede empresarial, rede associativa, rede de multiplicadores e rede de pesquisa, e suas iniciativas.
Em outro espaço, Cátia Maciel, consultora da INSER, e Marcelo Cassa, co-presidente da Anpecom, reuniram a rede empreendedora com objetivo de dialogar sobre a cultura empresarial edc, o atual Guia de Impacto (baixe aqui) e práticas ESG. Para isso, dividiram a sala em grupos e entregaram para cada pessoa um papel com uma palavra que traduzia as ações de empreendedores(as) comprometidos com uma norma forma de pensar e fazer negócio.
Deste diálogo grupal, saíram histórias e falas que serviram de inspiração para os e as participantes, como uma empresa que trocou o amigo-secreto da festa de Fim de Ano por doações para crianças em vulnerabilidade socioeconômica e o novo olhar sobre os empreendimentos nascidos na periferia graças à participação do projeto Ancestralidade Negra e Florescimento do Empreendedorismo.
Por fim, a quarta trilha reuniu participantes do Projeto Amazônia Viva II para um diálogo sobre sustentabilidade. Dentre eles, estava o diretor de desenvolvimento de negócios do Sistema B Brasil, Rodrigo Gaspar, que participou dos Banzeiros em Manaus e compartilhou: “Foram espaços de espiritualidade que eu nunca tinha visto, que vão ao encontro de um estilo de vida e do propósito que tenho aliado à minha identidade. Ali, imperou a voz local, fomos catalisadores e queremos dar cada vez mais força pra essa voz!”.
CELEBRAÇÃO DE ECONOMIA DE COMUNHÃO
E como não só de trabalho vive a rede, o primeiro dia do Fórum edc 2023 finalizou com uma confraternização com direito a bolo e animação do DJ Volpe, que convidou todos e todas para a pista de dança, num clima bastante amigável.
Se engana quem pensa que só a juventude levantou das cadeiras para dançar: ali foi um ambiente democrático de todas as idades, culturas e músicas. Teve samba, forró, música dos Bois Caprichoso e do Garantido – animados pelos manauaras -, axé, funk, MPB, eletrônica e encerrou a festa com a famosa “Evidências”, da dupla Chitãozinho e Xororó.
Toda essa energia foi levada para o segundo e último dia do Fórum edc 2023.
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