por Thiago Borges
publicado na Revista Cidade Nova de março/2019
Você já se perguntou onde um presidente da República comemora seu aniversário? Na Coreia do Sul, a celebração foi em uma padaria e confeitaria administrada por um casal de empresários da Economia de Comunhão. A visita oficial do presidente Moon Jae-in ao empreendimento da cidade de Daejon aconteceu no dia 24 de janeiro.
O chefe de Estado sul-coreano publicou o momento da visita e a comemoração de seu aniversário em seu perfil oficial no Instagram. A postagem contava com mais de 85 mil curtidas até o fechamento desta edição. Na mensagem, Jae-in agradeceu a hospitalidade. “Fui surpreendido hoje com a comemoração de meu aniversário na panificadora Sung Sim Dang, de Daejon. Durante a guerra de 1950 (Guerra da Coreia), meu pai e o fundador da panificadora estavam na mesma embarcação, a Victoria, que fugiu da Coreia do Norte. Para nós, hoje é algo muito precioso lembrar esse momento da história. O dia de meu aniversário é um dia como outro qualquer, mas hoje me reabasteço de nova força pelas felicitações recebidas de tantas pessoas. Obrigado!”
A Sung Sim Dang é administrada pelos empresários Fedes e Kim Mi Jin, casados há 40 anos. O empreendimento, por sua vez, já soma 62 anos deexistência. Foi aberto por Fedes logo após a guerra que dividiu as Coreias. Desde o início, a padaria tem em seu DNA a preocupação com quem não tem o que comer. O empreendimento teve início com apenas dois sacos de farinha e foi crescendo aos poucos até se tornar uma referência na cidade. Mas, desde o início, Fedes fazia questão de oferecer gratuitamente pães a quem não tinha o que comer – no pós-guerra a fome atingia parte importante da população urbana de Daejon. Até hoje a partilha do pão com quem está em situação de vulnerabilidade é uma ação cotidiana da padaria.
A adesão à Economia de Comunhão foi em 1999 e Kim Mi Jin conta como tudo aconteceu. “Participamos de uma Escola Internacional de EdC em Tagaytay (Filipinas). Ali abriu-se uma nova perspectiva: administrar a empresa com o espírito altruísta para contribuir ao bem da sociedade. Meu coração bateu forte, não sabia se conseguiria colocar em prática os valores da EdC ao voltar à minha realidade.” Os desafios eram grandes, sobretudo porque, naquela época, não havia nenhuma outra empresa de Economia de Comunhão na Coreia. Mas isso não intimidou os empresários. Hoje, 20 anos depois, a Sung Sim Dang já atravessou – e superou – diversas crises, inclusive um incêndio em 2005, que obrigou à reconstrução do prédio, possível apenas graças à adesão dos funcionários. Hoje, a empresa distribui 15% do lucro entre os próprios funcionários e doa outros 20% a projetos de superação da pobreza no mundo. “Procuramos formar uma comunidade dentro da empresa, em uma relação de comunhão com os colaboradores, preocupando-nos com sua condição de trabalho e colocando em evidência a criatividade de cada um: queremos estabelecer um relacionamento de amizade”, conta a empresária. Não é todo dia que uma empresa tem o privilégio de receber a visita de um presidente. Não é todo dia que um presidente tem o privilégio de conhecer uma empresa como a Sung Sim Dang.