Compreender os reais problemas do participante e vê-lo como um sujeito que precisa muito mais do que uma ajuda financeira foi o principal ponto abordado nos dois dias de Encontro da Rede Nacional dos Agentes do SUPERA
O Programa de Superação da Vulnerabilidade Econômica (SUPERA) reuniu pela segunda vez esse ano 21 pessoas, 14 agentes e sete convidados envolvidos nas atividades pela redução da pobreza, quinta (05) e sexta-feira (06), em Vargem Grande Paulista, 45km da capital. O programa é custeado pela comunhão de recursos existentes na Economia de Comunhão (EdC) e pela Associazione per un Mondo Unito (AMU*).
O Encontro da Rede Nacional dos Agentes do SUPERA foi coordenado pela Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (Anpecom) e teve como objetivo integrar e capacitar os agentes com a avaliação e as experiências do trabalho realizado de cada um de vários estados brasileiros.
Francesco Tortorella, responsável pelo setor de projetos de cooperação internacional para o desenvolvimento da AMU, comandou a manhã de sexta com o tema “Procurando conhecer suas riquezas”. Ele convidou cada um dos agentes a olhar o problema da vulnerabilidade sobre outra perspectiva; retirando o foco da dificuldade, para colocar em relevo as capacidades e potencialidades que cada um dos participantes possui, encontrando por sua vez a melhor maneira para superar os obstáculos.
Segundo ele, existe qualidade, cuidado e responsabilidade nos projetos desenvolvidos nos últimos dois anos de Supera, fruto de uma identificação dos agentes em assumir como vocação. “Todos os agentes estão desenvolvendo esse trabalho não porque existe o senso de responsabilidade ou porque alguém pediu para fazerem, mas porque existe uma paixão que gera muita energia, muita capacidade e muita potencialidade. O que acaba tornando muito importante para o participante, mas também importante pela realização dessa vocação dos agentes, que faz muita diferença e, no meu ponto de vista, é um fator decisivo para o desenvolvimento dos projetos”, reforça Tortorella.
Alguns dos próprios agentes vivem em situação de vulnerabilidade, como observado por ele durante o encontro, e junto com essa paixão na realização desse trabalho conseguem dizer e entender realmente a situação de cada participante porque vivem ou viveram como tal. “Com isso não existe o status de vida que difere um agente de um participante, pois se compreendem. Não só isso, mas esses agentes conseguem espontaneamente e com muita alegria colocar a própria necessidade em segundo plano e trabalharem primeiro a do participante”, destaca.
Para a coordenadora do programa SUPERA, Célia de Souza Carneiro, a participação de Francesco Tortorella contribuiu para que os agentes entendessem a importância em compreender os reais problemas dos participantes do Supera. “Não temos que atentar-nos apenas na contribuição econômica, que também é importante, mas ajudar a pessoa que está em situação de vulnerabilidade a encontrar cada vez mais o seu caminho de dignidade, observando, por exemplo, toda a sua situação familiar e o ambiente onde ela vive”, comenta.
Alguns participantes do SUPERA, segundo Ercos Ferreira, agente da região de Fortaleza, sentem o desejo de também contribuir de alguma forma com o projeto, seja na busca pelos necessitados no bairro ondem moram, bem como em doar algum talento e informar o projeto quando percebem que não precisam mais receber a ajuda. “Eu sempre tive uma inquietude dentro de mim sobre o que poderia fazer para amenizar a pobreza, foi quando conheci a EdC e senti essa vontade de trabalhar por algo que me realizasse em todos os quesitos da minha vida pessoal, profissional, na minha família”, conclui Ercos sobre sua atuação como agente do SUPERA.
Nos dois dias de evento, os agentes também conheceram mais sobre os procedimentos e a plataforma do SUPERA e contribuíram na estruturação do regulamento nacional do projeto. “Era visível nesses dois dias a grande vontade dos agentes em se dedicar mais às ações do SUPERA com comprometimento, responsabilidade e delicadeza nos trabalhos, também se via um grande espírito de equipe que se preocupa com cada região do Brasil”, conclui Célia.
*A AMU é uma Organização Não Governamental reconhecida na realização de projetos de cooperação para o desenvolvimento e para atividades de formação e educação de vários países da América Latina, África, Ásia e Oceania. É inspirado na espiritualidade do Movimento dos Focolares e visa difundir uma cultura de diálogo e unidade entre os povos.