Milhares de pessoas de todo o mundo se conectaram. A economia do caminho e a economia da terra, o papel das mulheres, a importância de cuidar da casa comum, os pobres e as periferias como centro, são alguns dos temas da mensagem do Santo Padre
fonte: assessoria de imprensa da EoF
«Peço que permaneçam ativamente unidos, construindo, com base em questões operacionais, verdadeiras pontes entre os continentes, o que fará com que a humanidade saia definitivamente da era colonial e das desigualdades. Dêem rosto, conteúdo e projetos a uma fraternidade universal. Sejam pioneiros na vida econômica e empresarial do desenvolvimento humano integral. Confio em vocês e, nunca se esqueçam: eu os amo muito».
ASSIS ( ITÁLIA) - Esta é a parte final da mensagem enviada pelo Papa aos jovens da Economia de Francisco, que se reuniram na sexta-feira, 6 de outubro, para o Global Gathering, transmitido do Instituto Serafico, em Assis.
Em sua mensagem, lida por cinco jovens em cinco idiomas diferentes, representando as centenas de participantes conectados, o Papa Francisco nos convida a "trabalhar em uma economia integral" que seja feita "com os pobres e para os pobres: a economia que mata, que exclui, que polui, que produz guerra, não é uma economia: outros - escreve o Pontífice - a chamam de economia, mas é apenas um vazio, uma ausência, é uma doença, uma perversão da própria economia e de sua vocação. (...) Gostaria de propor-lhes uma ideia que me é muito cara, ligada ao que acabei de lhes dizer sobre as tensões dentro da economia: a economia da terra e a economia do caminho".
No que diz respeito à economia da Terra, para Francisco "vem do primeiro significado da palavra economia, o de cuidar do lar. Lar não é apenas o lugar físico onde vivemos, mas é a nossa comunidade, os nossos relacionamentos, são as cidades que habitamos, as nossas raízes. Por extensão, o lar é o mundo inteiro, o único que temos e que foi confiado a todos nós. (...) Fazer economia significa cuidar da casa comum, e isso não será possível se não tivermos olhos treinados para ver o mundo a partir das periferias: o olhar dos excluídos, dos últimos. Até agora, o olhar sobre o lar que foi imposto foi o dos homens, dos machos, geralmente do Ocidente e do Norte. Deixamos de lado por séculos - entre outros - o olhar das mulheres: se elas estivessem presentes, teriam nos feito ver menos bens e mais relacionamentos, menos dinheiro e mais redistribuição, mais atenção aos que têm e aos que não têm, mais realidade e menos abstrações, mais corpo e menos falatório".
Quanto ao caminho, o Santo Padre recorda que "quando Francisco de Assis, tão querido por nós, iniciou a sua revolução, inclusive a econômica, apenas em nome do Evangelho, tornou-se um mendigo, um andarilho: partiu a pé, deixando a casa de seu pai Bernardone. Qual é o caminho, então, para aqueles que querem renovar a economia a partir das raízes? O caminho dos peregrinos é sempre arriscado, entrelaçado com a confiança e a vulnerabilidade (...) Queridos jovens - o convite do Papa - não tenham medo das tensões e dos conflitos, tentem habitá-los e humanizá-los, todos os dias. Confio a vocês a tarefa de guardar a casa comum e tenham a coragem de caminhar".
Durante o evento, o bispo das dioceses de Assis - Nocera Umbra - Gualdo Tadino e de Foligno e presidente do Comitê da EoF, Monsenhor Domenico Sorrentino, saudou os jovens, enfatizando que a Economia de Francisco é "a economia de um mundo em que nos reconhecemos como irmãos e irmãs, irmãos e irmãs até mesmo da natureza, como indica o Cântico do Irmão Sol, e vivemos assumindo todas as consequências, inclusive econômicas, dessa verdade? Se refletirmos bem, essa é uma verdade implícita na própria palavra economia: oikos - nomos. Oikos é a casa, mas também a família e, portanto, o lugar da fraternidade. A economia é a fraternidade aplicada à gestão da riqueza".
O coordenador científico da EoF, Lugino Bruni, explicou o título desse 4º evento global: "A 25ª hora", enfatizando que a hora extra, a 25ª, é a esperança, "porque quando a terra recebe uma nova esperança na Bíblia, o sinal é Emmanuel, uma criança, um jovem. O Papa Francisco disse isso em sua mensagem à EoF em outubro de 2021: "Vocês são a última geração que pode nos salvar, não estou exagerando". Hoje, em Assis, celebramos a responsabilidade e a alegria desta hora. É a hora da gratuidade, a hora que poderia não estar lá e que, em vez disso, existe".
A Presidente do Instituto Seráfico e membro do Comitê, Francesca Di Maolo, enfatizou a necessidade de não deixar ninguém para trás. "Do lado dos frágeis, amadurecem novas visões, capazes de dar impulso a uma verdadeira renovação da sociedade e da economia. A economia, como sublinhou o Pontífice, é articulada na teoria dos opostos e pode ser dicotômica: "boa" ou "ruim". Por isso, a partir daqui, do Instituto Seráfico, queremos lançar um apelo à "geração EoF", esperando que a economia do futuro saiba ser mãe, e não madrasta, maternal com todos os seus filhos, especialmente os mais frágeis. Uma economia materna, de fato, é chamada a nutrir a vida, a cultivá-la e a fazê-la florescer sem criar desigualdades e sem olhar apenas para o lucro; uma economia materna", acrescentou, "tem cada vida no coração, apesar de sua fragilidade". Somente assim, seguindo o que o Papa Francisco chamou de 'economia do caminho', será possível garantir o desenvolvimento para todos os povos da terra, redesenhando um mundo justo, equitativo e não mais excluído, no qual todos possam viver uma vida plena".
Durante o "Global Gathering", que durou cerca de três horas e foi moderado por jovens com contribuições de todas as partes do mundo, também foram apresentados dois projetos, um sobre alfabetização digital e empreendedorismo para migrantes implementado por acadêmicos chilenos e outro para dar aos povos indígenas das Filipinas acesso a água limpa e não poluída.
Leia a mensagem completa do Papa Francisco em Vatican.va
Reveja o evento: aqui a playlist completa com todas as traduções disponíveis: https://www.youtube.com/playlist