#EoF - Três jovens que não desistiram de aceitar o que é uma condenação para suas terras, transformando-a em uma oportunidade empresarial. Com um olhar para a ecologia integral e um coração para a fraternidade.
Publicado no site unitedworldproject.org em 21/07/2023
Começar nunca é fácil. Todos nós já experimentamos, pelo menos uma vez em nossas vidas, o medo e a incerteza que acompanham um novo começo. Acrescente a isso um contexto social cheio de obstáculos e a situação se torna mais complicada. Mas é exatamente esse desafio que dá origem ao desejo de criar algo novo, de fazer uma contribuição e até mesmo de abrir uma empresa.
A Cidade do México é um lugar de imensa riqueza, por seu povo, sua cultura e sua beleza. É uma cidade barulhenta e, ao mesmo tempo, harmoniosa. Suas cores vivas chamam a atenção de todos que a visitam. Os imponentes edifícios, antigos ou modernos, quase nos fazem esquecer que atrás deles há também pilhas de pedras. Pedras, para não dizer entulho. Ou melhor, periferias...
Nezahualcóyotl, um nome difícil de pronunciar, mas fácil de lembrar. Nezahualcóyotl é um município nos arredores da Cidade do México que recebe o lixo de 1,2 milhão de pessoas por meio de três lixões. Muitos de seus habitantes coletam e vendem lixo há gerações: uma atividade que proporciona o sustento de muitas famílias e que foi transmitida ao longo do tempo. Uma atividade que também se tornou uma condenação da pobreza, da falta de acesso à educação e a outros serviços básicos.
Como, então, é possível fazer negócios nessas condições?
Ao lado de um instituto penitenciário e a poucos metros do aterro sanitário Bordo de Xochiaca está a Universidad La Salle. Há 15 anos, essa universidade promove o ensino superior para os jovens da região, oferecendo-lhes a chance de imaginar horizontes mais amplos e um futuro melhor.
Quetzal, Johnatan e Monserrat são três estudantes de administração e economia. Eles são naturalmente atraídos pelo mundo corporativo, pelos negócios e pelas possibilidades que eles oferecem para mudar a realidade de seu município. Mas eles queriam dar um passo além e começar a lançar as bases do que em breve poderia se tornar uma empresa que gera um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente.
A questão da gestão de resíduos é uma realidade cotidiana, mas os três jovens decidiram parar de vê-la como um problema e transformá-la em uma oportunidade empresarial. O objetivo: produzir tecidos a partir de resíduos plásticos ou embalagens PET. Ou seja, produzir fios a partir desses resíduos e promover um setor de moda que, em vez de gerar mais poluição, a reduz.
A faísca que acende essas novas vocações empresariais é uma conferência dada pelos jovens da The Economy of Francesco. Em particular, Diego Pérez, um jovem empresário, enfatizou a importância de criar empresas com uma vocação social e um impacto na "casa comum". Assim nasceu um caminho no qual convergem a formação acadêmica, os estudos de caso e a prática.
"Queremos mostrar à sociedade que nós, jovens, podemos ser agentes de mudança, que uma nova economia é possível - diz Quetzal - e a primeira coisa que fizemos foi observar o ambiente ao nosso redor e identificar seus elementos distintivos".
Ao lado da universidade há um dos maiores aterros sanitários da América Latina. "É claro que o lixo plástico e os recipientes PET estão por toda parte aqui e são um problema", continua Johnatan.
O início da empresa envolve vários estágios. A primeira é o treinamento, com base nos princípios da Economia de Francisco e da Doutrina Social da Igreja. Agora, no segundo, são levantados fundos para a compra de maquinário. A ideia é entrar no mundo da moda por meio da revenda de artigos e peças de vestuário para evitar a produção excessiva de roupas, já que se estima que a indústria da moda use 93 mil milhões de metros cúbicos de água por ano e produza 20% de água residual.
Empreendedorismo como uma ferramenta de serviço
O projeto, que levou ao nascimento da empresa, é chamado de "Jasen tupac", que significa "Alma Gloriosa" no idioma Náhuatl.
É com esse grande entusiasmo que os três se preparam para gerenciar esse projeto, para se tornarem seus administradores.
«A palavra 'administrar' vem do latim 'administrare' e significa 'servir': ad- (em direção a), minister (servo). "Quem administra um projeto empresarial é apenas um servidor, ou seja, alguém que serve à sua comunidade. Quando você percebe que, como empreendedor, você é apenas um servidor, você se coloca na atitude de lavar os pés dos outros, por meio da criação de um processo de compra, venda, distribuição e tudo o mais que é virtuoso». conclui Diego Perez.
O que começou como uma conferência se tornou um workshop que traça novas perspectivas para os jovens que decidiram se lançar no sonho do empreendedorismo e no sonho de ajudar sua comunidade e o meio ambiente.