Visão sobre a Pobreza

O primeiro motivo do nascimento e da existência da Economia de Comunhão é a pobreza: De fato, a EdC nasce como tentativa de resposta aos enormes contrastes econômicos e às desigualdades que caracterizam a sociedade contemporânea, com o objetivo de torná-la mais justa e fraterna.

A EdC não pretende eliminar a pobreza tal como ela é, mas antes combater a “miséria”, palavra que descreve a forma de pobreza “sofrida” ainda por milhões de pessoas no mundo, através da valorização de uma outra forma de pobreza, a “escolhida” por empresários, consumidores, cidadãos… que decidem renunciar a algo de próprio, usar os bens de maneira sóbria, escolhê-los responsavelmente, no conceito que “os bens […] tornam-se […] estradas de felicidade somente se forem compartilhados com os outros” (Bruni 2004)

Nesta perspectiva, a miséria, proveniente da falta de bens materiais, e a possibilidade de uma sua resolução, estão estritamente ligadas à promoção de uma série de outras condições (a educação, a saúde, o trabalho, uma casa…) que fazem com que um ser humano “floresça”.

Entre estas condições destaca-se, especialmente, a qualidade dos relacionamentos que se vivem: de fato, as relações na visão da EdC são entendidas como um capital fundamental para o desenvolvimento humano.

Esta ideia implica ainda um modo original de pensar nas estratégias de combate à miséria, atuadas nos projetos que a EdC apoia e promove: esses são delineados para evitar a instauração de formas de ajudas assimétricas, - como muitas vezes aconteceu na história – nas quais tem alguém que tem e que dá a alguém que não tem, marcando um estado de inferioridade e alimentando, normalmente, dinâmicas de dependência.

As estratégias de combate à pobreza atuadas pela EdC, procuram, acima de tudo, valorizar dinâmicas de reciprocidade, onde alguém pode oferecer a riqueza da qual é portador, colocando todos no mesmo nível de igual dignidade: irmão, membros de uma mesma família.

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#AMU - México, Refúgio da esperança: a vida que recomeça

Desde a sua abertura, o Refúgio da Esperança para a reintegração social e do trabalho de ex-drogados teceu fios de diferentes histórias, unidos por um único desejo, o de recomeçar a viver.

publicado no site da AMU

Os primeiros raios do sol vislumbram sobre o imponente vulcão Popocatepetl, que forma o pano de fundo da Casa San Benito. Ouve-se o som de passos ágeis subindo uma escadaria estreita que leva a uma pequena capela: é a hora da oração da manhã com a qual o primeiro grupo de hóspedes do abrigo iniciam o dia. Depois do café da manhã, os jovens estão prontos para começar o dia: alguns irão ao barracão onde cuidarão da criação dos coelhos, outros irão à oficina de carpintaria ou irão às áreas verdes para cuidar das árvores frutíferas e do jardim.

Osmar tem 20 anos e chegou no outubro passado, deixando a sua pequena comunidade que fica cerca de 170 quilômetros de Ozumba, para embarcar em um difícil, mas necessário, processo de recuperação. Em casa, LiberarSéAmu 02 ele deixou os pais, a esposa e o filho recém-nascido. Ele se encaminha em direção ao seu trabalho, e depois de colocar o avental, limpar os sapatos e lavar as mãos, entra no galpão onde tem que controlar e limpar as gaiolas dos coelhos, verificar o estado dos animais, dar-lhes comida e bebida. Estes são agora gestos diários, que ele aprendeu a fazer com muito cuidado, mesmo se até pouco tempo atrás, para ele que era florista, a criação de coelhos era algo que ele não sabia de nada.

"O trabalho na fazenda é intenso, mas ajuda muito a lidar com a ausência e a distância da família", ele nos conta com uma voz emocionada, interrompendo-se apenas para dar um leve sorriso, "percebi que tudo o que eu faço e farei no futuro será por eles". Se eu estou aqui é porque eles querem que eu consiga me recuperar, e isto me impulsiona a seguir em frente".

A alguns passos da fazenda, pode-se ouvir o som das máquinas começando a funcionar: é a carpintaria onde Marco Almaraz, membro da equipe do Abrigo, retoma o trabalho para a construção de uma estante e de uma penteadeira que alguns clientes encomendaram. Após a construção dos móveis necessários para o abrigo e a crise devido aos primeiros tempos da pandemia, de fato, também começaram a chegar pequenas encomendas de fora.

LiberarSéAmu 03 rid 400O tempo no Refúgio da Esperança é marcado por muitas atividades bem organizadas. Isto também faz parte do método de recuperação e responsabilização dos hóspedes. Os jovens são divididos entre as atividades para o cuidado das áreas comuns, desde a manutenção das áreas verdes até a limpeza interna, passando pelas atividades de autocuidado, de reflexão e aquelas para o próprio crescimento espiritual e intelectual, talvez por meio da leitura de um livro ou assistindo a um filme, fazendo esporte ou participando, geralmente às sextas-feiras, de reuniões de comunidades terapêuticas. No fim de semana, o tempo é dividido entre as visitas médicas, sessões psicológicas e visitas familiares, que são retomadas todos os domingos, três meses após o início do programa.

 As atividades cotidianas, o cuidado com os outros, o encorajamento e a possibilidade de um desenvolvimento completo da pessoa, são as características do caminho e do modelo "LiberarSé - Refúgio da Esperança". Por esta razão, há vários jovens que gostariam de participar do programa, mesmo depois de terem tentado outras abordagens de reabilitação.

Alex, 25 anos, natural de Nezahualcóyotl, é um mecânico e entrou no abrigo depois de mais de uma década de consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas. Ele ouviu falar do Lar por um tio dele, também em processo de recuperação.LiberarSéAmu 04 rid 400

Fernando, 19 anos, após várias tentativas em outros centros de reabilitação, ainda carrega os sinais de uma longa luta contra o vício que o dominou desde os seus 11 anos de idade. Mas é justamente o "modelo" proposto na Casa San Benito que lhe deu uma nova confiança e o impulso para tentar novamente: "No Abrigo, não é a disciplina fria que se transforma em violência que muda as pessoas, mas é o amor fraterno que nos encoraja a superar os vícios".

Nos próximos meses, o Refúgio da Esperança continuará a consolidar as suas atividades de cuidado, juntamente com as de autossustento, para poder difundir a sua mensagem de esperança entre os jovens.


Durante a fase de emergência do Coronavírus, a equipe também sustentou outras casas de acolhida que hospedam aqueles que seguem um percurso de desintoxicação de drogas e álcool. Além do fornecimento de alimentos e produtos de higiene e prevenção da Covid19 , através do Projeto "Living Peace International" da AMU e de sua iniciativa "Cartas pela Paz e pelo Encorajamento", foi possível receber mensagens de mais de 200 pessoas para os hóspedes dessas casas. Um gesto que trouxe esperança e encorajamento àqueles que estão seguindo um difícil caminho de recuperação física e psicológica.

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